Nesta série sobre exames, já discutimos o hemograma, que é como uma “capa do livro” dos nossos exames de saúde. Hoje, vamos aprofundar nossos exames relacionados ao controle de açúcares no corpo: a glicemia de jejum, a hemoglobina glicada e a insulina.
Esses três exames formam uma tríade essencial para entender como o açúcar está se comportando no organismo e como nossos hábitos alimentares estão influenciando nosso metabolismo, nossa energia e, a longo prazo, nossa saúde.
Compreender esses exames é fundamental para prevenir e tratar condições como diabetes e resistência à insulina
É importante lembrar que a glicose é fundamental para gerar energia para o nosso corpo, mas o excesso de açúcar pode ser prejudicial.
Hoje, vamos explorar como esses exames podem nos ajudar a avaliar nossa alimentação e fazer ajustes para melhorar a saúde.
Glicemia de jejum: um indicador isolado
A glicemia de jejum mede o nível de açúcar no sangue após um período de jejum, geralmente de 8 a 10 horas. No entanto, é importante destacar que este não é o melhor indicador isolado para avaliar a saúde.
Muitas vezes, as pessoas fazem dietas restritivas antes do exame para tentar obter um resultado melhor, o que pode mascarar a realidade.
Uma outra alteração do seu nível no sangue poderá acontecer caso o cortisol esteja muito abaixo do desejável, ou seja. Sua avaliação depende de outros marcadores.

Os valores de referência da glicemia de jejum variam entre 70 e 99 mg/dl, mas o ideal é que o nível de açúcar no sangue esteja nos percentuais mais baixos dessa faixa.
Valores mais próximos de 70 mg/dl são considerados ótimos, enquanto níveis acima de 90 mg/dl podem indicar que o corpo está lutando para manter os níveis de glicose sob controle.
Se o exame de glicemia de jejum apresentar um valor elevado, é sinal de que a quantidade de açúcar no sangue está em excesso, o que pode causar infecções e outros problemas de saúde, como resistência insulínica, inflamações crônicas não infecciosas e um maior risco de desenvolver diabetes, doenças cardiovasculares e complicações metabólicas que podem impactar seriamente a qualidade de vida a longo prazo.
Hemoglobina glicada: a memória do açúcar no corpo
A hemoglobina glicada é um exame muito mais confiável para avaliar como o corpo está lidando com os níveis de açúcar ao longo de 3 a 4 meses. Esse exame mede o quanto de glicose está preso às hemácias, inutilizando sua função de transportadora de oxigênio.
Quando consumimos açúcar em excesso, ele se liga à hemoglobina, formando a chamada hemoglobina glicada, que não consegue transportar oxigênio de forma eficiente.
Isso prejudica o funcionamento das células e tecidos, especialmente em áreas mais sensíveis, como os olhos, rins e extremidades do corpo, o que pode levar a complicações graves, como retinopatia diabética, insuficiência renal e problemas circulatórios, aumentando o risco de amputações e infecções em casos avançados.
Os valores normais de hemoglobina glicada devem ser inferiores a 5,7%. Esse exame é fundamental para entender como o açúcar afeta o corpo a longo prazo, já que não pode ser manipulado por dietas temporárias antes do exame. Ele revela a verdadeira situação metabólica do paciente.

Insulina: o hormônio que controla o açúcar
A insulina é o hormônio responsável pelo transporte do açúcar do sangue para as células, onde será utilizada como fonte de energia.
Quando consumimos alimentos que contêm carboidratos, a insulina entra em ação, facilitando a entrada de glicose nas células ou direcionando-a para o fígado, onde será armazenado na forma de glicogênio.
Se a insulina estiver em níveis elevados no sangue, isso pode indicar que o corpo está desenvolvendo resistência à insulina, ou que é um precursor do diabetes tipo 2.
Os valores de referência da insulina variam muito, de 2 a 23 µu/ml, mas o ideal é que a insulina basal fique abaixo de 8 µu/ml.
Níveis elevados de insulina, como no caso de um paciente com 17 µu/ml, indicam que o corpo está tendo dificuldades regulares de açúcar no sangue, o que pode resultar em ganho de peso e outros problemas de saúde.
A relação entre insulina, alimentação e emagrecimento
Quando a insulina está elevada, o corpo tem mais dificuldade em perder peso, especialmente se os níveis de açúcar no sangue são mantidos elevados por longos períodos, como durante a noite.
Muitos pacientes consomem carboidratos processados, como arroz, pão e doces, no jantar, o que eleva a insulina e dificulta o emagrecimento.
Uma solução para melhorar os níveis de insulina é evitar esses alimentos à noite e optar por refeições ricas em proteínas e vegetais.
Um jantar à base de legumes e uma proteína magra, como frango ou ovos, pode ajudar a reduzir a insulina e melhorar o controle do açúcar no sangue, promovendo um metabolismo mais equilibrado e favorecendo a queima de gordura, além de melhorar a qualidade do sono.
Conclusão: como reverter o diabetes e melhorar sua saúde
É possível reverter a resistência à insulina e ao diabetes tipo 2 com mudanças na alimentação e estilo de vida.
Muitos pacientes que adotam uma dieta livre de laticínios, glúten e álcool conseguem melhorar significativamente seus níveis de açúcar no sangue.
O consumo de alimentos inflamatórios, como queijo, leite, iogurte e produtos feitos com farinha de trigo, é um dos maiores responsáveis pelo aumento da glicemia e da insulina. Ao eliminar esses alimentos da dieta e incorporar hábitos saudáveis, é possível reduzir os níveis de açúcar e melhorar a qualidade de vida.
Lembre-se de que o corpo precisa de tempo para se ajustar.
Mudanças no nível de glicemia e insulina não ocorrem da noite para o dia, mas ao longo de três a quatro meses. Portanto, seja paciente e persistente em sua jornada para melhorar sua saúde e evitar complicações relacionadas ao diabetes.