Hoje, vamos falar sobre um exame essencial para avaliar os níveis de ferro no nosso corpo: a ferritina. 

Esse marcador é particularmente importante para mulheres, mas é algo que todos devem prestar atenção ao realizar um hemograma. Sempre que você fizer um hemograma, é importante que a dosagem de ferritina seja incluída, pois ela é a melhor maneira de avaliar a quantidade de ferro presente no sangue.

 

O papel da ferritina no corpo

 

A ferritina reflete a quantidade de ferro armazenada no organismo. No sangue, as hemácias (ou glóbulos vermelhos) são responsáveis por transportar oxigênio para todas as partes do corpo, desde os pés até o cabelo. Cada hemácia carrega a proteína hemoglobina, que se liga ao ferro e ao oxigênio, funcionando como uma unidade transportadora de oxigênio pelo corpo. 

Quando essa hemoglobina libera o oxigênio, o ferro se transforma em ferritina. 

Por isso, medir a ferritina é a maneira mais precisa de avaliar os níveis de ferro no sangue, já que a dosagem direta de ferro não oferece uma análise tão detalhada.

 

Valores de referência da ferritina

 

Os valores de referência da ferritina podem variar muito. Normalmente, os laboratórios consideram que níveis entre 20 e 274 ng/mL são normais. No entanto, o que realmente importa é o que chamamos de “valor médico”. 

O ideal é que a ferritina esteja entre 70 e 150 ng/mL. Isso indica que o corpo está com uma boa reserva de ferro e que o ciclo de perda e reposição de sangue, especialmente nas mulheres, está equilibrado.

Se a ferritina estiver abaixo de 70 ng/mL, é necessário repor o ferro. Um dos casos mais comuns é o das mulheres grávidas, que frequentemente apresentam níveis de ferritina muito baixos. Por exemplo, tive uma paciente grávida com ferritina de apenas 10,8 ng/mL, um valor extremamente baixo. 

Para esses casos, a reposição oral de ferro não é suficiente, sendo necessário realizar a reposição intravenosa, que é mais rápida e eficaz. No caso de pacientes grávidas o nível mínimo desejado será acima ou igual a 100 ng/ml, caso contrário mãe e filho poderão sofrer com a deficiência.

 

Reposição de ferro intravenosa

 

Quando os níveis de ferritina estão muito baixos, a reposição intravenosa é recomendada. Um dos tratamentos que utilizo é o Noripurum, que é o ferro em forma de ampolas. Esse tratamento requer receita médica e pode ser administrado em locais como postos de saúde ou clínicas conveniadas. 

O ferro é diluído em 250 ml de soro fisiológico e administrado lentamente, em uma infusão que dura cerca de uma hora, uma vez por semana, durante cinco semanas. Esse processo permite uma reposição mais rápida e eficaz do ferro no organismo, especialmente em pacientes que apresentam níveis extremamente baixos.

 

 

O impacto da deficiência de ferro na saúde

 

A deficiência de ferro pode causar vários problemas, incluindo hipotireoidismo, que é uma das condições mais comuns entre mulheres com baixos níveis de ferritina. 

Quando o ferro está baixo, a tireoide não consegue produzir seus hormônios corretamente, resultando em cansaço, queda de cabelo, unhas fracas, pele sem vida e dificuldade em perder peso.

Mulheres com fluxos menstruais intensos são especialmente propensas à deficiência de ferro. Esse sangramento excessivo geralmente está relacionado à baixa progesterona, que, quando insuficiente, não consegue manter o revestimento uterino estável, resultando em sangramentos prolongados e pesados. 

A deficiência de ferro, portanto, pode levar a uma série de complicações de saúde se não for tratada adequadamente.

 

Alimentos ricos em ferro

 

Uma forma de repor o ferro naturalmente é através de uma alimentação rica em ferro. Frutas, verduras, legumes, sementes de gergelim são excelentes fontes de ferro, assim como grãos como o feijão. 

Entre os alimentos mais ricos em ferro estão o açaí puro, verduras escuras, como espinafre, e o feijão branco. Esses alimentos naturais contêm os minerais que nosso corpo necessita para manter a saúde e a vitalidade.

No entanto, é importante evitar alimentos processados, especialmente aqueles enriquecidos artificialmente com minerais, pois eles não são bem absorvidos pelo corpo e podem causar intoxicação.

 

 

A ferritina nos homens

 

Diferente das mulheres, os homens não perdem sangue regularmente, o que faz com que eles geralmente tenham níveis mais altos de ferritina. 

Em alguns casos, isso pode ser prejudicial, pois o excesso de ferritina pode se acumular no fígado e no sistema nervoso sendo causa de estresse oxidativo neuronal, causando danos a longo prazo. 

Por isso, é recomendado que homens com ferritina acima de 200 ng/ml doem sangue regularmente, de três em três meses, para ajudar a reduzir esses níveis ou utilizem antioxidantes de forma regular e em doses eficientes.

 

Ferritina e hipotireoidismo nas mulheres

 

As mulheres, especialmente aquelas com fluxos menstruais intensos, têm maior probabilidade de desenvolver hipotireoidismo devido à deficiência de ferro. 

A ferritina é um nutriente essencial para a formação do hormônio T4, que é convertido em T3, o hormônio ativo da tireóide. Níveis cronicamente baixos de ferritina podem levar ao desenvolvimento de hipotireoidismo ao longo de 8 a 10 anos.

Para evitar essa condição, é fundamental monitorar regularmente os níveis de ferritina e ajustar a dieta, eliminando alimentos inflamatórios como leite e glúten, que podem interferir na absorção de nutrientes.

 

 

Conclusão: cuidando da ferritina para uma saúde completa

 

Manter os níveis de ferritina adequados é essencial para garantir que o corpo tenha energia, vitalidade e boa saúde. 

Para as mulheres, em especial, é importante monitorar a ferritina ao longo da vida, especialmente em fases como a gravidez e durante períodos de fluxo menstrual intenso. Pequenas mudanças na alimentação e na rotina diária podem fazer uma grande diferença para manter a saúde em dia.

Lembre-se: controlar a saúde começa pela boca, e eliminar o consumo de leite, glúten e outros alimentos inflamatórios pode ser o primeiro passo para garantir uma saúde plena e duradoura.